Por definição, "aforismo é qualquer forma de expressão sucinta de um pensamento moral. Do grego “aphorismus”, que significa “definição breve”, “sentença”.
A escrita por meio de aforismos é a grande marca do trabalho filosófico de Nietzsche. Boa parte de seus escritos são aforísticos e fragmentados e sintetizam grandes reflexões. Nietzsche escreve conforme as coisas vem à sua mente.
Nietzsche tinha o claro objetivo de fazer com o que o leitor "ruminasse" de forma lenta e consistente cada aforisma e assim compreendesse o que está sendo colocado, não como uma algo inquestionável mas, como algo a ser pensado.
O filósofo alemão tece sua crítica à toda a estrutura do pensamento Ocidental, pois para ele trata-se da história de um erro. Para Nietzsche a base do pensamento socrático-platônico, a moral, o Cristianismo e o sentido de bem e mal adoeceram o ser.
Em sua II Consideração Intempestiva (1874), ele afirma que a essência de sua profissão enquanto filólogo, é:
"Agir contra a sua época, sobre sua época, e em benefício de uma época vindoura".
Assim, Nietzsche molda sua forma de pensar totalmente fora da caixa.
Em seu livro Aurora (1886), Nietzsche expressa em seu prefácio a forma e o cuidado que o leitor deve ter em relação a seus textos:
[...] Este prefácio chega tarde, mas não demasiado tarde; que importam,
por fim, cinco ou seis anos? Tal livro e tal problema não têm pressa; e,
além disso, nós somos amigos do ‘lento’, eu, assim como o meu livro. Não
fui, em vão, filólogo, e ainda o sou talvez. Filólogo quer dizer mestre na
leitura lenta, e que acaba por escrever lentamente. Mas não é que seja isto
somente um hábito em mim, é um prazer mau, um prazer maligno talvez?
Não escrever outra coisa senão o que poderia desesperar aos homens que
‘se apressam’. Pois a filologia é essa arte venerável que antes de tudo exige
uma coisa de seus admiradores: manter-se à parte, ir devagar, tornar-se
silencioso, tornar-se lento; como uma arte de ourivesaria e uma perícia no
conhecimento da ‘palavra’, uma arte que exige um trabalho delicado e que
não realiza nada se não trabalhamos com lentidão. [...] Esta arte, a que
me refiro, não termina facilmente nada; ensina a ler ‘bem’, quer dizer, a
ler de trás para frente, a ler devagar, com profundidade, com pensamentos
íntimos, com dúvidas e precauções, com dedos e olhos delicados... Amigos
pacientes, este livro somente pede leitores e filólogos perfeitos: ‘aprendei’
a ler-me bem".
A intenção de Nietzsche ao lançar suas ideias por meio de aforismos é justamente instigar seus leitores a pensarem, a lançarem questionamentos a respeito do que é lido, é pensar profundamente a respeito de algo. Inclusive, nos dias atuais esse método de leitura precisa ser restaurado.
E como disse Nietzsche no prólogo de sua Genealogia da Moral: "Nossos tesouro está na colmeia de nosso conhecimento. Estamos sempre voltados a essa direção, pois somos insetos alados da natureza, coletores do mel da mente."
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