terça-feira, 1 de agosto de 2023

A importância de Tucídides na obra de Nietzsche

Desde o início de meus trabalhos de pesquisa e estudo para construir este blog, meu intuito sempre foi o de trazer o pensamento de Nietzsche para os dias atuais. Seja por meio de suas ideias, por meio de seus aforismas ou por meio de seu método peculiar de filosofar a marteladas. Acredito que é de fundamental importância nos aproximarmos de seu raciocínio para compreendermos melhor a sociedade em que vivemos. 

Nessa linha de raciocínio vários questionamentos nascem em nosso pensamento. O último deles que me veio muito forte foi em relação à forma de escrita  de Nietzsche e tudo que ele nos conta  nas entrelinhas.

Na minha última releitura do livro "Crepúsculo dos Ídolos", um parágrafo me chamou muito a atenção. Ele encontra-se no capítulo X intitulado "O QUE DEVO AOS ANTIGOS", e diz o seguinte:

"Meu descanso, minha predileção, minha cura de todo o

platonismo sempre foi Tucídides. Tucídides e, talvez o príncipe

de Maquiavel são o mais próximo de mim mesmo, pela incondicional

vontade de não se iludir e enxergar a razão na realidade - não na "razão"

e menos ainda na "moral"... Desse lamentável embelezamento e idealização

dos gregos, que o jovem de "formação clássica" leva para a vida como

prêmio por seu treino ginasial, disso nada cura tão radicamente como Tucídides.

É preciso revirá-lo linha por linha e ler seus pensamentos ocultos tanto quanto

suas palavras: há poucos pensadores tão pródigos em pensamentos ocultos".

Ao reler este parágrafo percebí que Nietzsche admirava Tucídides a tal ponto de trazer para a sua filosofia o modo perspicaz de escrita do filósofo grego. E é exatamente este o fator diferencial para os escritos de Nietzsche serem profundos e, para entedê-lo é necessário "revirá-lo linha por linha e ler seus pensamentos ocultos tanto quanto suas palavras". 

Ao falar de Tucídides, Nietzsche acaba por descrever a si mesmo e isso é um ponto forte pois o "Filósofo Errante, discípulo de Dioniso" pegou um objetivo para si e o compôs com maestria. E é justamente por isso que a leitura de sua filosofia nos leva a múltiplos caminhos e nos oferta o conhecimento e acesso a filósofos, escritores e pensadores que acabaram por moldar tudo o que temos hoje de entendimento do mundo e da essência humana.

A maioria das pessoas enxerga na leitura de Nietzsche uma complexidade muitas vezes intransponível, entretanto, para percebê-lo é necessário fazer-se um desbravador dentro do pensamento do filósofo.

Garanto a vocês, esse caminho é apaixonante mas ao mesmo tempo nos reserva uma extensa massa de pensamentos que, ao menos em mim, fez uma diferença brutal no entendimento do mundo enquanto sociedade e como estou inserida nesse "mundo nietzschiano" onde tudo o que é não vem a ser e que a vida é um eterno fluir de forças que nos regem tanto interna como externamente.

Até breve!

2 comentários:

  1. A profundidade de Nietzsche destoa em muito da superficialidade dos dias atuais, o pensar pelo pensar vem a cada dia perdendo mais espaço para o pra que pensar e só "seguir".

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    1. Sim Danilo, sem dúvida. E é aí que mora o diferencial, a filosofia e o pensamento de Nietzsche não são para todos, é apenas para quem aceita a vida, enfrenta a vida e se enfrenta.

      Vencer a si mesmo não é tarefa fácil e a leitura em Nietzsche nos abre os horizontes de forma profunda e que, uma vez feito isto, o mundo à nossa volta jamais será o mesmo.

      Agora, quem quer viver de superficialidades e se isso as faz feliz, que elas sigam assim... Cada um tem seu tempo de autoconhecimento, alguns nunca chegam a esse ponto e não podemos lutar por eles.

      Façamos nós o nosso caminho!

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