sexta-feira, 17 de julho de 2020

A importância do Übermensch na Pandemia do Covid 19

Übermensch. O que vem a ser o Übermensch de Nietzsche?


Übermensch é uma forma de homem que supera os tempos ruins, extrai de suas tristezas e perdas algo de positivo, algo que te deixa mais forte. Acredito que é uma forma de ponto de blindagem.

Não que a pessoa não vá sofrer novamente, mas a dor física ou emocional é o suporte para crescermos fortes e independentes.

Neste ponto, lembro de um exemplo que minha mãe sempre expôs a mim quando precisava puxar minha orelha e chamar-me à realidade da vida. Ela diz que o ser humano é como um diamante, precioso por natureza, entretanto, ele precisa ser lapidado para chegar em seu auge e esplendor. Assim é o ser humano, precisa ser lapidado, receber marteladas da vida para aprender e ser mais forte nas adversidades que se apresentam na vida.

Contudo, o ser humano não vive apenas de momentos ruins. Temos momentos de alegria infinitos, e torcemos para que o tempo flua mais lentamente para aproveitarmos mais um pouquinho deste presente de forças maiores ou chamem como queiram. 

Somos feitos de emoções e cada ser humano é um universo, como diz um certo cantor filósofo. 

Ainda assim,  o mais importante é saber lidar com estes sentimentos, tristeza e alegria pois são extremos que se tocam.

E sabem porquê? Porque Nietzsche é nitroglicerina pura, é auto ajuda a marteladas. É algo do tipo, enfrenta teus problemas e os digere do jeito que você puder pois isto vai te fortalecer, não te vitimes, isto é necessário para teu crescimento. 

Dentro deste contexto, estamos diante do ano de 2020. Um ano de pandemia. Um tal de Covid 19 invadiu nossa realidade e aprisionou-nos. E olha que a maioria de nós nunca cometeu um crime sequer passível desta prisão domiciliar que nos foi imposta.

Vivemos uma realidade nunca antes imaginada. Uma doença apareceu, altamente contagiosa e sem um tratamento efetivo, sem uma vacina e sem uma noção certa do que pode causar efetivamente à raça humana. 

Perdemos nosso norte. É como se o nosso timoneiro abandonasse o barco, nos deixando à deriva.

O que nos dá esperança é que equipes de saúde e cientistas estão dia e noite trabalhando, ora para tratar quem está doente, ora buscando uma vacina que amenize o contágio dessa doença.

O que nos resta neste momento é saber como agir nesse meio tempo em que estamos nesta prisão. 

Acredito que é neste ponto que Nietzsche invade nossas vidas, sem pedir licença, e nos apresenta um protótipo existencial que foge de qualquer arquétipo imaginável.

Precisamos nos superar para sair dessa. Precisamos achar uma forma de enfrentar nossos fantasmas, enfrentar a realidade das famílias em casa o tempo todo juntos e lidando com as diferenças.

Penso no número de divórcios que aconteceram nessa pandemia. 

As pessoas tornaram-se muito rasas. Casais convivem por anos, mas com poucas horas de contato direto um com o outro. Muitos desses casais só se vêem à noite e finais de semana, isso dividindo o mesmo teto.

Pais e filhos. Imaginem quantos milhões de pais que por necessidade financeira deixam seus filhos na creche às sete da manhã e os buscam às sete da noite devido à sua jornada de trabalho.

Não culpo aqui os casais, os pais ou qualquer outro ser humano por suas rotinas. É a vida, são hábitos, necessidades.

O ponto que quero ressaltar aqui é que a rotina foi quebrada. A realidade é que ninguém mais sabe conviver com quem ama e por quem trabalham boa parte da vida para poder dar uma vida agradável dentro da normalidade.

De repente nos vimos fora do normal, tendo que reaprender a viver, reaprender a amar, reaprender a sermos humanos, demasiadamente humanos e isso é um peso que a maioria das pessoas não dá conta.

Neste ponto, Nietzsche mostra-se, com sua auto-ajuda ríspida e nos impele a enfrentarmos a bronca e arcar com a vida que criamos, com o nosso meio que acreditamos e que lutamos para que continue a existir.

Aí, neste momento,  percebemos que é muito mais fácil corrermos atrás do sustento  do que enfrentarmos os conflitos e o outro ser que amamos na vida cotidiana.

Übermensch? É para poucos... A grande pergunta aqui é: "Você, enquanto ser humano, é capaz de superar-se por amor a si próprio e por consequência, amar de verdade seu par e seus filhos sem enlouquecer ou até mesmo abandonar o barco da convivência?"

Até breve!