quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O Poder das Mulheres no Séc. XX

Difícil falar de Rock Nacional feminino sem fugir de Rita Lee Jones.

Meus leitores devem estar se perguntando o que tem a ver Rita Lee em um blog sobre Nietzsche.

Esta é uma reposta direta a Nietzsche. 


Infelizmente e com muita dor no coração, como mulher, preciso abrir esta ferida e constatar que meu filósofo preferido era extremamente contra a ideia de que mulheres poderiam pensar e existir filosoficamente, ou seja, Nietzsche era um homem misógino..

Entretanto, devemos ter em mente que Nietzsche vem de um mundo machista, sexista, em que as mulheres não eram ouvidas. 

Paradoxalmente, nesta mesma época, (inicio do Séc. XIX)  Mary Sheley, que foi contemporânea de Nietzsche, escreveu a grande obra "Frankeinstein", conhecido hoje mundialmente. Mary foi uma mulher muito a frente de seu tempo e conseguiu criar uma obra muito além do seu tempo, muito além do que o século XIX poderia conceber.

Percebemos com este exemplo, que mesmo no século XIX, uma entre tantas mulheres conseguiu ser reconhecida. 

Deste modo, quando falamos  de música, podemos afirmar sem sombra de dúvidas que  existiram mulheres fantásticas no Séc. XX. 

No contexto mundial podemos citar Ella FitzGerald, Bessie Smieth, Nina Simone, Janes Joplin e tantas outras mulheres, que independente de sua cor ou credo... fizeram a diferença no cenário da música mundial. 

Essas mulheres viraram clássicos seja no Rock, no Jazz ou no Blues.

Assim sendo, tenho o dever de chamar a brasa para a minha sardinha e citar Rita Lee.

Ao falar de Rita Lee, como mulher, me liberto de qualquer estereótipo pré estabelecido. é como se eu falasse e uma Über music woman.

Uma mulher que fala sem pudor dos valores femininos.

Rita, é uma mulher que vivenciou a luta do feminismo na pele. A luta para que as mulheres conseguissem seu lugar de fato na sociedade. Em pé de igualdade com os homens. 

Hoje em dia, é relativamente mais fácil esta luta mas Rita Lee sempre se mostrou presente com suas letras irônicas e sarcásticas, justamente para que nós, mulheres, pudéssemos existir realmente.

Observando este cenário, me pego imaginando o que diria Nietzsche a este respeito.

Se pudéssemos ter uma máquina do tempo e trazer Nietzsche para o Séc. XXI, 2020, qual seria sua reação ao observar tantas mulheres fortes, incontestes no que fazem... 

Nosso filósofo amava música, tanto que chegou a evidenciar que "a vida sem a música seria um erro". 

O que ele diria de uma composição feminina?

O que ele diria ao observar Bessie Smieth, uma mulher negra, sem papas na linga, livre... e com uma voz extraordinária... 

O que ele diria ao observar Janes Joplin. uma mulher branca, igualmente sem papas na língua e com uma voz do mesmo modo extraordinária?

O que ele diria ao ouvir as músicas provocativas de Rita Lee cantando "Todas as mulheres do mundo" ou "Cor de rosa Choque"???

São tantos os questionamentos que fica até difícil emitir qualquer tipo de resposta.

Enfim, o que quero deixar claro aqui, é que assim como Nietzsche tinha pavor de qualquer forma de ídolo, nós, admiradores de Nietzsche não devemos idolatrá-lo... Isso seria o fim para ele. 

Nietzsche contestava a tudo e a todos, qualquer forma de valor por ele era questionado. 

Assim sendo, também o questiono hoje a respeito do valor das mulheres na sociedade atual. 

Vivemos um paradoxo. 

Ao mesmo tempo em que nós, mulheres, estamos conseguindo nosso espaço ao sol, vemos tantas das nossas sendo maltratadas e até mesmo mortas pois simplesmente muitos homens acham que ainda tem o poder de vida ou de morte sobre nós.

Chega. Basta. Não podemos mais aceitar isso de forma silenciosa.

Mulheres, seja qual for sua tarefa na vida, busquem seu melhor, busquem o que a vida tem de melhor para lhes oferecer... 

Nossa essência vai muito além, geramos a vida, geramos novos seres para este mundo... 

Somos Über Woman... somos além... 

Sigamos firmes o exemplo de tantas mulheres que tem o nome reconhecido mundialmente e sigamos igualmente o exemplo de mulheres não tão reconhecidas mas que tem um valor ímpar.

Até breve!!!

2 comentários:

  1. Ual!! Que texto!!.. É um prazer ler algo tão lúcido, começando pela pintura que me encantou, com a escolha das artistas e eu até mesmo coloquei Janis Joplin para ouvir.
    O ápice do seu texto esta em: "assim como Nietzsche tinha pavor de qualquer forma de ídolo, nós, admiradores de Nietzsche não devemos idolatrá-lo" e ao critica-lo de forma tão sutil "UBERWOMAN" mostra o quanto temos que aprender e repensar o que nos é apresentado.
    Sempre tive a mesma posição ao ler Nietzsche, contra o lado ele ser misógino, mas nunca imaginei ler algo assim.
    Obrigado!
    (E fiquei surpreso ao ver que ninguém comentou nesse post, adoro os comentários, me senti obrigado a comentar)
    Feliz 2021 e continue com os textos inspiradores!
    "Elas querem é poder!" - (Rita Lee)

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    1. Boa noite Gustavo!

      Que alegria imensa e que surpresa receber seu comentário.

      Você expressou na integra a ideia central que eu desejei passar quando escrevi este texto.

      Muitas vezes me culpo ao criticar Nietzsche mas em pontos como este, a respeito de seu asco pelas mulheres, senti-me na obrigação de não silenciar mais pois a nós, mulheres, o silencio se impõe há muito tempo.

      Por outro lado, tirando meu lado emocional e dando voz à minha parte racional lembro que a crítica é essencial dentro da filosofia. Tanto é, que Nietzsche questionou a tudo e a todos sem papas a língua e certamente esse é o motivo de sua filosofia atrair tantos holofotes, mesmo que as pessoas não entendam a sua essência, ainda assim o repetem pois mesmo que sua filosofia seja deturpada. Nietzsche tornou-se cult... e contra essa maré não temos como nadar...

      Gustavo, você finalizou sua mensagem com um "obrigado", mas sou eu que de coração agradeço por você vir ao meu blog, ler meus artigos e principalmente por entender de verdade a essência do meu texto.

      Obrigada por sua leitura, volte sempre e um feliz 2021 para você também.

      Abraço!!!

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