Vivemos um momento obscuro, de incertezas, de medo. Medo de perder quem amamos, medo de nunca mais voltarmos à nossa relativa normalidade e principalmente, o medo de ficarmos sozinhos com nossas próprias individualidades.
A quarentena nos assusta, a economia quebrar nos assusta. Mas, acima de tudo, morrer assusta-nos muito mais.
O COVID-19, esse vírus letal que vem assolando o mundo todo com elevada taxa de mortalidade, tem servido para nos mostrar a reação das pessoas e, em particular, vemos muita gente colocando a economia dos países acima das vidas humanas. Chegamos a ouvir, perplexos, um certo famigerado governante tupiniquim dizer, "Se morrer morreu, todo mundo morre, e daí?".
Que tempos obscuros são estes?
Este tornou-se meu questionamento diário.
Este tornou-se meu questionamento diário.
A introspecção da quarentena fez-me pensar em Nietzsche. No final do séc. XIX, o filósofo perdeu os sentidos ao deparar-se com a maldade e a pequenez do ser humano ao ver um cocheiro espancando um cavalo.
Agora, imaginem nosso filósofo deparar-se com as pessoas do séc. XXI? Certamente o nojo e a repulsa seriam inevitáveis e diria que a humanidade precisaria de mais cem ou duzentos anos ainda para compreendê-lo. Acredito eu que nunca a humanidade chegará a este ponto.
Agora, imaginem nosso filósofo deparar-se com as pessoas do séc. XXI? Certamente o nojo e a repulsa seriam inevitáveis e diria que a humanidade precisaria de mais cem ou duzentos anos ainda para compreendê-lo. Acredito eu que nunca a humanidade chegará a este ponto.
A filosofia de Nietzsche é para poucos e assim continuará sendo.
Estas divagações me levaram ao prefácio do livro "O Anticristo", onde Nietzsche deixa bem claro quem ele deseja que sejam seus leitores. O filósofo refere-se a pessoas não nascidas ainda, pessoas que compreenderam seu livro Zaratustra, pessoas de livre pensamento e sem medo do proibido. Um ponto muito forte citado por Nietzsche e que desejo salientar aqui é o seguinte:
... é necessário possuir uma integridade intelectual levada aos limites
extremos. Estar acostumado a viver no cimo das montanhas - e ver
a imundície política e o nacionalismo abaixo de si.
Vivemos em um mundo altamente politizado e maniqueísta, ou seja, quem é de "Direita" representa Deus e a família tradicional. Já quem é denominado de "Esquerda" representa o Diabo e todo o mal que assola a humanidade.
O que percebo é que a política, para essas pessoas intituladas "do bem", virou uma espécie de religião e os deuses deles são seus líderes, ou seja, seus presidentes, vide Bolsonaro e Trump. A exemplo disso, vimos pessoas dando entrada em hospitais nos EUA intoxicadas, pois Trump falou que injetar desinfetante combateria o vírus COVID-19.
Diante desse tipo de situação fica complicado traçar qualquer forma de diálogo saudável. Entretanto, é de fundamental importância analisarmos este momento histórico que estamos vivendo. Por mais que nos gere asco depararmo-nos com comportamentos que desprezam a vida, colocando números no lugar de pessoas, precisamos debater a respeito desse comportamento hediondo.
O comportamento que estamos presenciando que vem emanando das massas, era visto apenas em ditadores do início do séc. XX, como Hitler, Mussolini e Stalin. Inclusive dois deles, Hitler e Mussolini, tomaram pra si algumas ideias errôneas da filosofia nietzschiana e levaram a cabo a ideia de que eram uma forma de übermensch quando, na verdade, passaram léguas longe disso.
O Übermensch de Nietzsche é o homem além do homem, é o homem que se supera todos os dias, que vence seus problemas e se eleva.
Percebam que não vemos nada disso nestes líderes. Pelo contrário, o que vimos como fruto disso foi um total desprezo à vida, às pessoas, a exaltação de um nacionalismo desproporcional, um desprezo em relação à arte, à educação, aos artistas e escritores. Enfim, tudo que torna bela a vida foi suprimido.
Agora, em pleno 2020, vemos populações que aderiram a este pensamento. É mórbido mas é real.
Sob a administração de líderes ditatoriais e sob a desculpa de lutar pelos direitos da família tradicional, vemos a ignorância falar mais alto. Mais alto que a Ciência, da qual estamos totalmente dependentes para obter uma cura.
Essas mesmas pessoas são contra a quarentena, são contra métodos de higiene básicos que amenizam o grau de contágio.
Muitas vezes tenho a sensação de que dormi e acordei na Idade Média. Vejo pessoas defendendo a teoria da Terra Plana, que já foi abolida há mais de quinhentos anos; vejo pessoas defendendo preceitos religiosos destorcidos e sem sentido algum...
Que mundo é este em que estamos vivendo? Que humanidade desumanizada é esta, que coloca valores monetários acima de vidas?
Sinceramente, não sei mais o que esperar...
Tenho noção de que estamos no olho do furacão, que tudo isso vai passar, mas tenho muito medo do que restará de humanidade para o futuro.
Nietzsche, por toda sua obra, sempre nos mostrou que não era para procurarmos respostas em seus escritos, mas sim questionamentos...
Vivemos tempos de grandes questionamentos. Dois deles, que se impõe neste momento são:
"Para onde e como andará a humanidade com todas essas máscaras caindo?", e "O que virá na realidade pós-pandemia?"...
Até breve!
O que percebo é que a política, para essas pessoas intituladas "do bem", virou uma espécie de religião e os deuses deles são seus líderes, ou seja, seus presidentes, vide Bolsonaro e Trump. A exemplo disso, vimos pessoas dando entrada em hospitais nos EUA intoxicadas, pois Trump falou que injetar desinfetante combateria o vírus COVID-19.
Diante desse tipo de situação fica complicado traçar qualquer forma de diálogo saudável. Entretanto, é de fundamental importância analisarmos este momento histórico que estamos vivendo. Por mais que nos gere asco depararmo-nos com comportamentos que desprezam a vida, colocando números no lugar de pessoas, precisamos debater a respeito desse comportamento hediondo.
O comportamento que estamos presenciando que vem emanando das massas, era visto apenas em ditadores do início do séc. XX, como Hitler, Mussolini e Stalin. Inclusive dois deles, Hitler e Mussolini, tomaram pra si algumas ideias errôneas da filosofia nietzschiana e levaram a cabo a ideia de que eram uma forma de übermensch quando, na verdade, passaram léguas longe disso.
O Übermensch de Nietzsche é o homem além do homem, é o homem que se supera todos os dias, que vence seus problemas e se eleva.
Percebam que não vemos nada disso nestes líderes. Pelo contrário, o que vimos como fruto disso foi um total desprezo à vida, às pessoas, a exaltação de um nacionalismo desproporcional, um desprezo em relação à arte, à educação, aos artistas e escritores. Enfim, tudo que torna bela a vida foi suprimido.
Agora, em pleno 2020, vemos populações que aderiram a este pensamento. É mórbido mas é real.
Sob a administração de líderes ditatoriais e sob a desculpa de lutar pelos direitos da família tradicional, vemos a ignorância falar mais alto. Mais alto que a Ciência, da qual estamos totalmente dependentes para obter uma cura.
Essas mesmas pessoas são contra a quarentena, são contra métodos de higiene básicos que amenizam o grau de contágio.
Muitas vezes tenho a sensação de que dormi e acordei na Idade Média. Vejo pessoas defendendo a teoria da Terra Plana, que já foi abolida há mais de quinhentos anos; vejo pessoas defendendo preceitos religiosos destorcidos e sem sentido algum...
Que mundo é este em que estamos vivendo? Que humanidade desumanizada é esta, que coloca valores monetários acima de vidas?
Sinceramente, não sei mais o que esperar...
Tenho noção de que estamos no olho do furacão, que tudo isso vai passar, mas tenho muito medo do que restará de humanidade para o futuro.
Nietzsche, por toda sua obra, sempre nos mostrou que não era para procurarmos respostas em seus escritos, mas sim questionamentos...
Vivemos tempos de grandes questionamentos. Dois deles, que se impõe neste momento são:
"Para onde e como andará a humanidade com todas essas máscaras caindo?", e "O que virá na realidade pós-pandemia?"...
Até breve!